Psicoterapia com Adolescente;

 

 

     A adolescência é uma fase da vida particularmente difícil. Na fase inicial da adolescência, o jovem tem de lidar com a passagem da infância para a adolescência propriamente dita. Na fase final da adolescência, o jovem tem de lidar com a saída da adolescência e a entrada no mundo adulto. Na fase intermédia há inúmeras situações de grande tensão e conflito psíquico, porque o adolescente tem que aprender a lidar com um corpo e uma personalidade em permanente e rápida mudança.

 

     Muitas vezes os adolescentes não apresentam uma verdadeira psicopatologia ou um quadro clínico bem definido. O adolescente tem de enfrentar no seu dia-a-dia muitas exigências no que respeita à relação consigo próprio, com o corpo, com os amigos e com a sua família. Estas exigências funcionam como pressões e fazem com que ele viva sentimentos e emoções extraordinariamente fortes e potencialmente desorganizadoras.

 

     Algumas das dificuldades que podem ser sentidas pelos adolescentes e devem ser alvo de atenção de um psicólogo, podem ser:

 

  •  Problemas relacionados com o desempenho escolar
  •  Problemas relacionados com o corpo e a imagem corporal
  •  Problemas relacionados com a alimentação
  •  Problemas relacionados com a formação da identidade
  •  Problemas relacionados com a sexualidade
  •  Problemas de comportamento e agressividade
  •  Problemas na vida familiar
  •  Problemas depressivos e ansiosos
  •  Problemas com a integração num grupo de amigos

 

     Se a dificuldade do adolescente foi em primeiro lugar detectada por um dos pais ou alguém da sua família, deve-se inicialmente marcar uma consulta de Aconselhamento Individual ou familiar (com a presença de mais do que um membro da família) onde poderá expor toda a situação e todas as suas dúvidas a um psicólogo clínico.


     O psicólogo, com base nas informações fornecidas, irá tentar compreender a situação que lhe foi apresentada e, conjuntamente com o jovem, irá conceber uma estratégia para fazer face ao problema colocado.

 

     O adolescente pode buscar por conta própria uma psicoterapia?

 

     A resposta é não. Segunda a normativa do Conselho Federal de Psicologia (CFP), é fundamental que pai ou responsável tenha ciência e autorize o acompanhamento psicológico. Isso já é um fator desestimulante para muitos adolescentes, que se preocupam com a privacidade, temendo que o profissional exponha para outras pessoas aquilo que foi falado em consultório.

 

     O psicólogo Arthur Dubrule, que tem experiência nesse tipo de atendimento, esclarece que não funciona bem assim:

   "É importante que o adolescente converse com os seus pais sobre fazer uma terapia. Saiba que o terapeuta não contará o conteúdo da sessão nem para os pais, nem para qualquer outra pessoa. O que se fala na terapia, fica na terapia. O termo de confidencialidade é um pilar ético, que permite um encontro pautado na confiança e na certeza de poder se abrir com segurança. A única exceção é quando o adolescente está correndo perigo, mas isso sempre é discutido com ele antes. Nada é feito ou falado sem que ele esteja ciente disso."

 

     Se você é adolescente e sente que precisa de ajuda, veja a seguir o passo a passo para começar uma psicoterapia:

 

     1) Informe-se sobre o profissional

 

     O adolescente pode conversar com os amigos e buscar informações na Internet sobre quais seriam os melhores enfoques para o problema que enfrenta, além de procurar os possíveis psicólogos que poderiam atender o seu caso.

 

    Um fator decisivo pode ser a proximidade, já que os atendimentos online no Brasil estão regulados e limitados a um número máximo de sessões, sempre demandando a autorização prévia dos pais ou responsáveis.

 

     A Psicoterapia tem a proposta de oferecer um espaço “neutro” com uma escuta específica e atenta de um profissional que é o Psicólogo para que o adolescente possa se sentir a vontade para falar de suas angústias, desejos, anseios, medos, idéias e dúvidas buscando compreender questões que normalmente surgem nesta fase do desenvolvimento. O trabalho psicoterapêutico abre espaço para o adolescente pensar sobre essa nova condição de existir e para sentir-se acompanhado neste momento de tantas mudanças, o que pode possibilitar um amadurecimento e desenvolvimento pessoal.

 

      2) Converse com os seus pais sobre fazer terapia

 

        Como é inviável começar um tratamento psicológico sem que eles saibam, a melhor estratégia é optar pela verdade. Busque o momento adequado para falar com eles sobre fazer terapia.

 

      Isso não quer dizer que você precisa revelar detalhes do que está sentindo e que não se sente confortável para mencionar. Uma das funções da terapia é justamente proporcionar um espaço de escuta sem preconceito ou julgamentos, no qual você poderá falar abertamente sobre tudo o que lhe importa.

 

     O objetivo central da conversa deve ser deixar claro o quão é importante para o seu bem-estar poder contar com a ajuda de um psicólogo.

 

     3) Esteja disposto a negociar

 

      Fazer psicoterapia é um investimento na sua saúde emocional e qualidade de vida. Por outro lado, demanda um investimento financeiro, que o adolescente nem sempre consegue arcar sozinho. Por isso, esteja aberto a negociações.

 

      É possível que seus pais ou responsáveis peçam algo em contrapartida, como dedicar-se mais a uma determinada matéria na escola ou ter mais cuidado com as tarefas de casa. Ceder é importante para conseguir o que você precisa neste momento.

 

     4) Seja sincero durante a terapia

 

   Por mais competente que for o profissional, a psicoterapia só vai funcionar se você estiver disposto a falar abertamente sobre as suas questões. É possível que haja perguntas incômodas, ou momentos de falar sobre coisas que entristecem você e trazem sofrimento. Tudo isso é importante e faz parte do processo de melhora.

 

 

          FONTE ; infantil.com/2011/01/psicoterapia-com-adolescentes.htm

                            Revista de Psicologia da UNESP 12(2), 2013.